Pesquisar este blog

Não se esqueçam de assinar os comentários, ok?

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Texto para a prova do 3º bimestre

Galera, estou postando os textos para a prova dessa semana, para vocês lerem e tirarem eventuais dúvidas até lá.

Prof. Geraldo

Texto I

CONGRESSO INTERNACIONAL DO MEDO
Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Sentimento do mundo. 3.ed. Rio de Janeiro: Record, 2002. p. 35)

Texto II
NECROLÓGIO DOS DESILUDIDOS DO AMOR
Os desiludidos do amor
estão desfechando tiros no peito.
Do meu quarto ouço a fuzilaria.
As amadas torcem-se de gozo.
Oh quanta matéria para os jornais.

Desiludidos mas fotografados,
escreveram cartas explicativas,
tomaram todas as providências
para o remorso das amadas.
Pum pum pum adeus, enjoada.
Eu vou, tu ficas, mas nos veremos
seja no claro céu ou turvo inferno.

Os médicos estão fazendo a autópsia
dos desiludidos que se mataram.
Que grandes corações eles possuíam.
Vísceras imensas, tripas sentimentais
e um estômago cheio de poesia...

Agora vamos para o cemitério
levar os corpos dos desiludidos
encaixotados competentemente
(paixões de primeira e de segunda classe).
Os desiludidos seguem iludidos,
sem coração, sem tripas, sem amor.
Única fortuna, os seus dentes de ouro
não servirão de lastro financeiro
e cobertos de terra perderão o brilho
enquanto as amadas dançarão um samba
bravo, violento, sobre a tumba deles.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Brejo das almas. Rio de Janeiro: Record, 2001. p. 59-60)

9 comentários:

  1. Geraldo como sempre, com belos textos para provas! Saudades dessa época :/

    ResponderExcluir
  2. Que estratégia legal!
    Acredito ser um privilégio ter um professor como você. Parabéns!
    Claudia Zuppini Dalcorso

    ResponderExcluir
  3. Valeu, Kássia... Como você deve ter percebido pelo outro post, saudades de vc também e da turma toda.

    ResponderExcluir
  4. Obrigado, Cláudia.

    Acredito que, quanto maior o contato com os textos, melhor, afinal, eles foram feitos pra ser lidos, comentados, discutidos, e não para simplesmente serem aplicados em provas.

    Abraço

    ResponderExcluir
  5. Prof. esses texto tem haver com a colocação de pronomes oblíquos ?

    ResponderExcluir
  6. Esses textos são para interpretação. Se o pessoal ler realmente, dá pra discutirmos na sala amanhã.
    Quanto aos pronomes oblíquos, as questões da prova estão mais parecidas com aqueles exercícios que fizemos na sala.

    Abraço.

    ResponderExcluir
  7. Acho que não entendi muito bem o primeiro poema. Todo mundo que eu perguntei e que o Filipe perguntou disse que deu pra entender que o poema fala sobre o medo, mas isso é o óbvio... Mas sei lá, não sei o que te perguntar sobre o texto. Quando vc lê o texto e faz comentários fica tão mais fácil entender ...

    ResponderExcluir
  8. É realmente sobre o medo: sobre o medo ser maior do que tudo e eclipsar o resto.

    ResponderExcluir
  9. aaa tá entendi agora...tenho que correr atras dos exercico porque se não estou completamente ferradinho rsrs

    ResponderExcluir